Psicologia Perinatal: um olhar sensível ao início da vida
- Beatriz Muniz
- 4 de mar. de 2017
- 2 min de leitura

Durante os meses em que o bebê se constitui dentro do útero, ele vive através de sua mãe. Os recursos materiais, emocionais e energéticos advêm de sua mãe.
O registro das experiências intrautero nos acompanha ao longo da vida, está presente no padrão de funcionamento do nosso organismo físico, como também na esfera psíquica.
O ambiente em que a mãe vive, suas relações, sua alimentação e suas experiências compõem o ambiente de desenvolvimento do novo ser.
Desde tempos antigos e em diferentes culturas pelo mundo é recomendado que a mulher grávida tenha experiências com a arte, com o belo, que cuide de sua alimentação e de suas emoções.
Esse conhecimento de forma alguma deve ser usado para culpar as mulheres caso não cumpram as recomendações, como vemos acontecer comumente. Mas, deve servir para tornar consciente o grande potencial que há na experiência de gestar uma nova vida. A responsabilidade é o que resulta de todo conhecimento e não a culpa.
Devemos ressaltar que o conhecimento teórico deve sempre acompanhar a história, o contexto ao qual se aplica. Dito isso, vejamos o que é possível realizar dentro da realidade cotidiana atual de cada mulher em nossa sociedade. Lembremos ainda que o objetivo não é definir o que seja uma mãe perfeita, mas dentro de cada história, a melhor mãe possível, a mãe suficientemente boa, como definiu Winnicott.
A vida diária, real, é composta por flutuações entre o bom humor e o mal humor, a alegria, a tristeza, a raiva, entre outras emoções. Essa flutuação também prepara o bebê para o mundo de sua mãe após o nascimento. A riqueza da vida também é expressa na gama de emoções que somos capazes de expressar e em nossa autoregulação.
Porém, devemos estar mais atentos para os estados agudos ou prolongados de ansiedade, de tristeza, irritação, euforia, etc. Nesse caso, onde existe sofrimento pra mãe e um estado de estresse orgânico, as conseqüências para o bebê são conhecidamente negativas também.
Muitas transformações físicas, psicológicas e sociais ocorrem nesse processo de gestar. A mulher pode perceber que essas transformações são muito intensas e desafiam sua capacidade de lidar com as mudanças, e assim, buscar ajuda terapêutica.
Atualmente existem muitas formas de buscar ajuda, muitos serviços que oferecem o apoio e a compreensão necessários para auxiliar a mulher nessa fase crítica. Chamamos de fase crítica pelo potencial transformador que possui.
A mulher que é acolhida e se sente mais tranqüila e confiante durante a gestação, tem um registro positivo de toda essa experiência. Esse será também o registro que o bebê terá do início de sua vida. Além do mais, a mulher que se sente acolhida, também terá melhores condições de acolher seu bebê.
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