A maioria das pessoas sabe, inconscientemente, que a couraça muscular existe e o que ela é. Quase todos nós usamos expressões cotidianas que fazem menção à existência da couraça. O exemplo mais óbvio no Reino Unido é o típico lábio superior retraído.
Esta é uma maneira de frear em si mesmo o impulso de chorar, e qualquer um sabe que quando alguém apresenta o lábio superior tremendo, é sinal de que a defesa contra o impulso de chorar está a um passo de ruir e a pessoa prestes a explodir em lágrimas.
A maioria de nós reconhece os olhos rígidos, mortos e inexpressivos de alguém que não foi permitido chorar por anos, possivelmente desde que era uma criança pequena. Hitler se orgulhava de ser capaz de sair sorrindo de uma surra dada por seu pai violento.Inconscientemente, todos os cartunistas e atores sabem o que é a couraça.
Quando cartunistas exageram a ponto de se chegar ao ridículo, estão quase sempre mexendo com uma defesa de caráter. A defesa de caráter é outro conceito básico em orgonoterapia, um conjunto de mecanismos e bloqueios emocionais que uma pessoa usa para se defender contra a experiência dolorosa, originalmente decorrentes da privação e sofrimentos ocorridos na infância.
Em termos psicológicos, Reich descobriu que o que pensamos e sentimos não são apenas processos que ocorrem dentro de nosso cérebro e cabeça, (como a psicologia neuro-científica assume), mas são funções orgânicas profundas envolvendo a totalidade do organismo. Alguém que bloqueou a sua capacidade de chorar, por exemplo, não apenas tomou uma decisão em sua "cabeça".
Formam-se, a rigor, tensões musculares involuntárias e permanentes em torno dos olhos, boca e garganta, e possivelmente até mesmo em regiões corporais mais inferiores, com o intuito de evitar os movimentos involuntários que ocorrem quando alguém chora. Intuitivamente, uma pessoa menos encouraçada que manteve a possibilidade de chorar vai sentir a dureza e a falta de capacidade de sentir em alguém que não pode chorar.
